segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Quando a vida se torna difícil demais

Em algum momento, a pessoa percebe que não aguenta a vida e desiste. Em minha experiência como Terapeuta, esta situação tem sido recorrente. E o que se pode dizer a essas pessoas? Que a vida é fácil? Não, não é fácil.

A vida não é fácil para a senhora que já perdeu os pais e quase todos os irmãos, e cujos filhos, quase em sua totalidade, tem problemas que ela não consegue resolver, mas sofre muito por isso.

A vida não é fácil para a moça que, de tanta pressão no trabalho, adoeceu de estresse e está com uma depressão que não a deixa sequer pensar em retomar suas atividades profissionais.

A vida não é fácil para a jovem cujo filho morreu ainda em seu útero.

A vida não é fácil para a mãe que cria e sustenta seus filhos sozinha, que paga contas altas, que tem responsabilidades enormes e não encontra um bom companheiro.

A vida não é fácil para a mulher que só amou um homem na vida, mas, por não poder estar com esse homem, optou por construir uma história ao lado de alguém a quem não admira e não tem paixão. Apenas pelo comodismo.

A vida não é fácil para quem perdeu um ente tão querido que não faz mais sentido seguir sem ele.

A vida não é fácil para um ex viciado que luta ferozmente para se manter longe do vício, e se sente absolutamente sozinho em sua caminhada.

Quando se chega a conclusão de que não dá para aguentar a vida, e a pessoa toma a decisão de desistir, a solução é a fuga.

Muitos se auto-declaram doentes (e entenda-me, eles estão doentes mesmo), tomam muitos remédios para aguentar a pressão e não saem mais de casa ou de suas camas. Ás vezes se aposentam por conta da doença e recebem um salário o resto da vida para nunca mais trabalharem.

Outros tomam altas doses de ansiolíticos logo de manhã, para aguentar o dia.

Muitos se drogam ou se embebedam para fugir da situação em que se encontram.

A vida não é fácil para você também... mas olhe ao redor! Se for esperar ter uma vida tranquila, se for esperar até não ter mais problemas, NUNCA ENCONTRARÁ A FELICIDADE!

Não é uma atitude de covardia. Aos poucos, a gente aprende a compreender o outro melhor. Simplesmente, em algum momento a pessoa decide: 'eu não aguento. E se eu não aguento, o que eu posso fazer para continuar vivendo? Ou sobrevivendo?'. Arruma-se uma alternativa.

A fuga é muito triste. Quantos fogem de tratamentos, de terapia, evitam pensar, falar e expor suas dores, porque expor dói MUITO mais do que fugir dela. Mas viver fugindo é uma vida que você considera como sendo digna? Precisar de algo todos os dias que amenize sua dor é uma solução que pode ser usada temporariamente sim, mas não para sempre. Eu sempre digo: NÃO FUJA DA SUA DOR. Sua dor é você gritando. Ouça essa voz interior. Muitas vezes, quando começamos uma terapia, a situação emocional da pessoa piora. Isso é compreensível, porque estamos mexendo nas feridas. Mas mexer cura. Tenha paciência com você mesmo. Se dê esse tempo de cura.

É certo que não podemos menosprezar a dor do outro, mas todos tem suas dores, de um jeito ou de outro. O que dizer a uma pessoa que, de tantos problemas, desistiu da vida?
Posso dizer que a vida não tem só dores. Tem delícias também.

Como diz Caetano: "Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".

Vamos citar algumas coisas prazerosas? Você conhece muitas também:

O prazer simples de um café quentinho, do cheiro de mato molhado, de rever amigos queridos e esquecidos, de preparar uma festa surpresa para alguém... Alegria em deixar a casa bonita para o Natal, em sentir o sol no rosto, em se cuidar, se lambuzar de cremes, se sentir bonito(a), botar aquela roupa nova.. Conversar até de madrugada com alguém, ouvir uma bela canção, dar risadas com colegas de trabalho... Fazer uma atividade física prazerosa, Aprender uma nova atividade, fazer artesanato...Ler um bom livro, ter uma tarde só para você, ver um filme antigo... Ser solidário, sentir-se útil, cozinhar gostosuras... quantas coisas mais poderíamos citar?

O toque aqui é mudar a percepção, o foco. Tentar enxergar cada situação sob um novo prisma.

Vamos tentar?

A senhora que perdeu quase todos os familiares é uma privilegiada por estar viva, podendo acompanhar de perto seus filhos! E se ela não pode resolver os problemas deles, pelo menos pode ficar juntinho, fazer um carinho, preparar um bolo para alegrar seus dias! Há prazer também na vida.

A moça que não consegue mais voltar para o antigo emprego pode tentar uma nova carreira, quem sabe uma profissão em que ela se realize e ainda ajude ao próximo.

A jovem que perdeu o filho no útero ainda tem muita possibilidades de gerar outra vida!E se não der certo, pode adotar!

A mãe que sustenta seus filhos sozinha deve ter esperanças de um futuro melhor! Quem sabe estudar para conseguir um emprego que pague bem, e nunca desistir do amor!

A mulher que só amou um homem na vida pode tentar amar o homem que está ao seu lado, seu companheiro!

Quem perdeu um ente querido precisa enterrar seu morto, e compreender que ele sim está vivo!

O ex viciado é um vencedor! Cada dia é uma vitória para ele.

Fácil? Com certeza não é fácil sair da posição de auto-piedade e pensar positivamente, com esperança. Mas, se você não aguenta a vida e decidiu desistir, procure ajuda. Informações sobre atendimento aqui:
http://tftatendimentopresencial.blogspot.com.br/2015/10/projeto-atendimento-terapeutico-social.html


Beijos carinhosos,

Luciana Santiago


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